segunda-feira, 28 de março de 2016

Eu não sou doido por gostar de o ser. O louco consegue enxergar poesia em textos absurdos e a falta dela em renomados títulos de poetas consagrados...


Deus não tem nada a ver com o meu estado psíquico, até porque, esse ser imaginário não ocupa mais
espaço na minha cabeça.


Eu gosto de viver com o que
posso ter e não... Eu não rasgo dinheiro!!! Mas vamos ao que interessa?


Certa vez, um amigo me pediu para fazer uma coisa
bem bizarra. O Antônio tinha uma filha linda, lá por meados dos anos oitenta. Nós trabalhávamos em salas vizinhas. Ele contador e eu auxiliar de cobranças. O coitado se queixava de um namorado de sua filha, carinha muito folgado e que provocava uma situação muito constrangedora para ele. Antônio se dizia perplexo ao ver a filha ao telefone durante horas, e gesticulava desesperado para que ela, com apenas 17 aninhos o deixasse resolver alguns dos problemas que ficaram pendentes da associação paulista da qual era contador. Essa situação se repetia constantemente. A mocinha não dava a mínima para a sua tristeza, que ao sair, indo resolver tais assuntos no escritório, não recebia dela um aceno sequer. Quanta ingratidão!!!
Talvez por isso, o meu amigo tenha perdido a noção de risco e me fez esse pedido: "Messias, preciso que me faça um favor. Ligue para a minha casa, quantas vezes você puder e anote os horários dos eventos. Preciso saber se serei obrigado a vender a única linha telefônica que tenho... "
Me contou a história com a fisionomia de um homem desesperado. Mandou conversar com a moça e descobrir uma maneira sutil de acabar com o seu "pesadelo". Eu fiquei confuso de início com aquela proposta mas aceitei. Antônio tinha razão. A sua filha havia tomado posse total do seu telefone e uma linha da TELESP naquela época custava uma pequena fortuna. Logo nas primeiras tentativas só dava ocupado. Insisti até que ouvi uma voz doce e muito bonita do outro lado: "Com quem deseja falar?"
Eu encantado com aquele timbre, procurei disfarçar mas dizendo que era com ela mesmo, a fiz pesar que sabia quem era ela e que ela sabia sobre mim, até mais que alguns dos meus familiares... Isso a deixou maluca! Quase surtou em alguns momentos, dias depois.
A moça arredia tentou identificar a minha voz dentre as dos conhecidos dela mas não conseguiu. Nem poderia. Havíamos nos visto uma vez e a garota não deu a mínima atenção para o então garotão aqui. Descobri que eu estava numa vingança, mas... O meu amigo não merecia isso. Liguei muitas vezes e omiti a maior parte das ligações para ele.
Um dia, sem um pingo de constrangimento, Antônio chega mais perto e, com sarcasmo, diz: "Bonito pra você, hein! Te peço pra fazer uma coisa e faz outra!" E eu entendi naquele momento que havia perdido um amigo. Um caro amigo e colega de trabalho, já que era o único mais velho, que tinha idade próxima a do meu pai. E agora!? Quem ia me aconselhar e me fazer enxergar certas verdades? O meu pai havia nos abandonado e não fazia mais falta, pois eu nessa época tinha ingressado na minha terceira década de vida...
Aos vinte anos, todos nós somos um pouco irresponsáveis e eu era, um tantinho assim, acima da média.
Por incrível que pareça, não perdi o amigo, mas a sua confiança em mim ficou abalada.


Essa história aconteceu e
é uma das vergonhas que
carreguei durante anos...
Agora que me tornei doido,
conto-lhes... Hehehe

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